27 de fevereiro de 2010

Carta 08

Tava pensando esses dias o quanto faz falta tudo aquilo que a gente viveu. Nós tínhamos aquele canto que só eram risadas e nossas tardes de estudos, que na verdade, eram só de conversas.

Você tinha toda a sua vida na cabeça e eu só planejava o dia seguinte. Você tinha todo o passo a passo planejado e eu só tinha o objetivo final.

A gente batia de frente com tudo. Contra as coisas da vida, contra o jeito das pessoas, contra o amor. Eu era a romântica emotiva incurável e você era o romântico racional que eu tentava mudar. Você tinha cautela, eu me jogava do último andar sem nem pensar. Eu tinha essa tendência suícida e você preferia a vida. Mas você tava certo, eu deveria ter sido mais racional para evitar arranhões. E eu acertei em cheio, o romântico emotivo existia.

Ainda lembro de todas as frases suas que me tocaram profundamente. Lembro das nossas conversas sobre religiões e de quando você sonhou com o meu pai. Lembro da nossa parceria no time do basquete e do nosso outro melhor amigo que gritava e ainda grita, canta alto conosco e faz estátua, de certa forma, ele completa a gente. Era maravilhoso ter vocês todos os dias sentados perto de mim, me fechando com a carteira porque eu falava que assim eu me sentia protegida. Era bom também todos os nossos abraços, acho que a gente dava uns 4 abraços por dia e é confortante saber que depois de tudo aquilo, nós viramos irmãos de verdade.

E hoje, eu acho que nós nos absorvemos um pouco. Eu tenho um pouco de todas as suas coisas extremamente racionais e você tem as minhas coisas exageradamente emotivas.

Mas talvez seja isso o resultado da nossa amizade. O que fortaleceu e nos faz sentir que seremos sempre cúmplices, companheiros e irmãos.

Será sempre assim, com certeza.
Ou melhor, seremos.

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