26 de agosto de 2012

"Why didn't you try harder? You just left"

Não adianta, toda vez que me falarem sobre coisas eternas eu vou lembrar daquele último texto que escrevi para você. Vou automaticamente pedir licença para qualquer atividade que eu estiver fazendo e procurar o texto de despedida, reler todo aquele sentimento que eu coloquei no papel para dizer adeus e passar os meus olhos pelas palavras que escrevi para ir embora sem nunca ter ido. Não sei se vou, eu volto às vezes. Eu fui? 

Depois de tanto tempo, às vezes eu afirmo que é fácil seguir em frente. Vinte e poucos anos, pés na carreira, dinheiro no fim do mês para bancar contas e divertimentos extras nos finais de semana. Sem contar os novos amigos que a gente conhece sempre e as trocas de olhares que garotas de vinte e poucos anos dão, enquanto desfilam as suas saias e olhares pela Avenida Paulista. Nessa vida e nesse enredo é muito fácil continuar seguindo e lembrando de você entre uma estação e outra do metrô, ou até o farol abrir novamente.

Difícil mesmo é quando você me aparece na frase de um livro que leio de madrugada ou no texto de algum blogueiro que eu recebo no meio do trabalho. Essas horas são um pouco piores, porque nelas eu estou sozinha com o meu pensamento e sem nada para me ajudar a fugir deles. Eu lembro que você se tornou um homem, mas não vai viver a sua maturidade comigo. Imagino o quanto você pode estar feliz com essa nova vida, mas não vai me contar sobre ela antes de dormir. Penso que faz tanto tempo que não te vejo que quase não lembro da sua risada escandalosa no portão da minha casa.


E durante três segundos eu lembro que te amei. Eu penso que enquanto eu estou desfilando as minhas saias e preocupações por aí, você está começando uma família por causa dos acidentes que às vezes acontecem na flor dos vinte e poucos anos. Eu penso que você virou um homem, que a sua perspectiva de futuro está completamente diferente da minha, mas que talvez você esteja feliz com isso. Ansioso até. E maduro com aquele seu jeito de menino que ri escandalosamente no meio da rua.

Você riu e foi embora como tantas outras vezes. E eu só viro de lado e procuro algo para fazer, porque é mais fácil te esquecer enquanto estou em movimento. Mas, se tudo estiver realmente silencioso, eu releio o texto de despedida para lembrar de todo aquele sentimento que eu escrevi para dizer adeus. Eu passo os meus olhos pelas palavras que me fazem enxergar que eu precisava ir embora, mesmo querendo voltar. Eu tive que ir, mesmo olhando para trás. Eu voltei, mas já era para eu ter ido.

Calma, espera um minuto. As lembranças são a única coisa que eu tenho, já já eu vou ...

21 de agosto de 2012

Para onde estamos indo?

Queriam que eu fosse mais caseira, casasse com o primeiro namorado e trabalhasse perto de casa. Não, não é preciso ir atrás disso tudo, e para que significado? Felicidade é conseguir comprar o que se quer. Esses sonhos são anseios da juventude, algo que vai passar. Você cairá na real quando for adulto e viverá de acordo com o sistema.

Mas aí, eu quebrei todas as regras, comecei a escrever, me apaixonei muito mais que duas vezes e fiz planos de colocar uma mochila nas costas e conhecer a estrada depois de Kerouac. Escolhi andar para fora do caminho, as montanhas tiveram outro significado e conhecer novas histórias passou a ser um objetivo. Um hobby. Um aprendizado. Ou qualquer outro nome que você queira dar.

Um dia, eu descobri que o mundo deles não é como o meu. Não sei como vou chegar lá, mas sei que não quero cair no sistema e acreditar que felicidade profissional é conseguir comprar o que se quer. Falam que é anseio da juventude e que isso vai passar, então que eu tenha essa coisa de jovem sempre. 

14 de agosto de 2012

Tome um pé na bunda, e diga obrigado!

O seu maior pé na bunda te salva de todas as maneiras amorosas que você poderia ser salvo. Acredite, o maior "quebrei a cara" da sua vida te trará benefícios se você souber se curar dele, claro. Aceitar que um relacionamento não deu certo às vezes demora e partir para outra "novo em folha" é difícil. Ao mesmo tempo que não reconhecer os próprios erros é burrice, e passar a acreditar que o amor não existe é dar um passo para o fim da linha.

O pé na bunda te coloca nos eixos para você saber viver na realidade. Se o primeiro amor nos traz toda aquela descoberta de sentimentos intensos, paixão, afeto e até mesmo o sexo, o seu primeiro pé na bunda te mostra que um bom relacionamento precisa também de inteligência e razão. Você tem que aprender a fazer a sua parte e saber o que esperar do outro.
Aprendemos que antes de amar alguém temos que amar a nós mesmos. A gente cresce e percebe que merece ser feliz todos os dias dormindo sabendo quem a gente é, e acordando ao lado de quem merece nos ter. Antes de alguém para nos amar, que exista alguém capaz de deixar passar os nossos defeitos ou manias. Já dizia Clarice Lispector "Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro". Pois é, quem vai aceitar o defeito que te deixa em pé?


6 de agosto de 2012

Carta 20

"Dizem que a incapacidade de aceitar a perda é uma forma de insanidade. Deve ser verdade. Mas, às vezes, é a única forma de nos mantermos vivos"
Talvez em algum lugar do meu inconsciente existem mais pedaços de momentos nossos. Você me curtiu muito, tenho certeza. Sinto isso quando lembro das nossas danças na cozinha e de você provando que confiava em mim deixando eu fazer a sua barba. Hoje eu senti saudade e não consegui escrever uma linha. Imaginei que se sentássemos na mesa da cozinha e eu te contasse quanto coisa me aconteceu esse ano, você escutaria quieto tomando o seu refrigerante. 

Talvez  você sorrisse ao saber sobre a carta que escrevi para o Igor e ficasse assustado por eu ter pedido demissão com três dias de trabalho e trocado de estágio três vezes em apenas um ano. Talvez você tiraria um sarro da minha cara quando eu descrevesse o quanto fiquei sem jeito ao encontrar o menino dos olhos bonitos e o quanto eu aprendi  sobre oportunidades perdidas com ele. Talvez você me desse uma bronca por ter mentido sobre a minha primeira balada ou por ter beijado aquele cara sem saber se ele era realmente legal.  Há muitos talvez para nós.