29 de maio de 2012

O dia em que a via láctea me fez chorar

Posso dizer que foi o show da minha vida. E que eu gritei, cantei e pulei daquele jeito exagerado que faz a gente sentir o coração bater forte e a voz não sair mais. Não me permiti fechar os olhos, embora tenha feito isso algumas vezes. Eu não estava acostumada com todas aquelas pessoas me apertando e confesso que é muito difícil ficar na primeira fileira. Várias vezes eu olhei para o segurança e pensei em como ele me tiraria dali, caso eu desmaiasse. 

Fui sozinha, de modo que dividiria qualquer coisa comigo mesma. Organizei minha agenda de um modo em que eu pudesse ligar para algumas pessoas quando a banda tocasse algumas músicas. Eu esperava ligar para umas cinco pessoas durante a parte mais bonita de "Vamos fazer um filme", tudo porque eu mesmo já não sei como é que se diz eu te amo hoje em dia.

"Tempo Perdido" seria o enfoque, já que estou começando a viver agora. Sempre soube que os dias estavam passando, mas nunca tive coragem de chutar o balde e ir passar pelas experiências que eu tinha vontade. Só pelo fato de eu estar ali, vendo Bonfá e Dado tocando juntos, era prova de que temos a nossa própria hora para as coisas da vida. Nem foi tempo perdido, somos tão jovens. Eu acredito muito nisso.

Mas para a minha surpresa. Eu chorei com "A Via Láctea" sendo que eu nunca havia me emocionado com ela. Acabei descobrindo que algumas músicas mexem mais comigo do que eu imaginava. Que Renato Russo é eterno, ninguém pode negar. O cara conseguiu a admiração de uma geração que nem ele mesmo pode conhecer. Ver o Wagner Moura contando que ele escreveu essa música nos seus últimos dias fez todo mundo cantar mais alto. E  o Dado Villa-Lobos deitado no palco olhando para o céu fictício - que nem por isso deixou de ser verdadeiro - só mostrou que nós também estávamos reunidos  cantando para o Renato. E lógico, ela me tocou muito mais fundo por lembrar do meu pai, por ver aquelas estrelas fictíceas ou até mesmo por aquele céu, não sei ao certo.

Problemas técnicos sempre existem. O Wagner Moura deu o melhor de si e viveu o que qualquer fã do Legião sempre teve vontade. Aliás, o que todo fã de Legião sempre fez: cantou junto com o Dado na guitarra e o Bonfá na bateria. A diferença é que dessa vez o Renato não estava no vocal, mas sim no coração. E para falar a verdade, todos nós também estávamos cantando para ele.

O que importa é que eu estive ali com um monte de gente que não pode ver o Legião tocar. Pude perceber o quanto "Teatro dos Vampiros", "Índios" e "Pais e Filhos" são mais bonitas ainda. E tive certeza que o tempo não está perdido. Ontem eu pude fazer tudo isso com músicas que me marcaram a minha infância e que me fazem lembrar dos meus pais. A culpa é toda deles, e eu acho que tenho que agradecer por isso. Aliás, o que eu vou ser quando crescer mesmo?

Acho que aquela que coloca Legião Urbana para tocar aos sábados, e fica fazendo qualquer coisa com os filhos enquanto isso. O tempo nunca estará perdido, nós seremos sempre tão jovens e teremos coisas bonitas para contar.

Força Sempre.