28 de maio de 2011

Amor é um ato de fé

Descobri que nesta etapa de vida, eu não tenho motivo nenhum para acreditar em histórias incríveis, caras românticos ou coisas bonitas. Mas, mesmo assim, tenho uma chama que ilumina tudo. Há em mim qualquer coisa que não sei dizer o que é, mas que arde de um modo absurdo. Com ela eu lembro que estou viva e que estou seguindo no meio de tanta gente que já amou e é capaz de amar com todo o coração e alma, mesmo com tudo provando o contrário.

Às vezes simplesmente não dá para acreditar em alguma história incrível ou algo bonito acontecendo, eu sei. Mas há uma porção enorme de pessoas andando ao seu lado que sobreviveram a um coração partido e recomeçaram. Acho bonito observar casais com os seus segredos, brincadeiras e individualidades vivendo entre os seus unir de mãos, deitar de ombros e aconchegos. E acho mais bonito ainda continuar achando tudo isso encantador mesmo com o coração apertado.

Não importa o quanto eu me decepcione, essa chama vai continuar existindo. Eu me sinto uma sobrevivente e não tenho ideia de como isso aconteceu, só sei que essa coisa de continuar acreditando nunca vai mudar para mim. Amor é um ato de fé, tenho cada vez mais certeza. É uma maneira de continuar acreditando até mesmo quando não temos nada conosco de fato. Às vezes é necessário até um esforço mental e interno para o coração continuar batendo, eu sei, mas a verdade é que por mais que coisas ruins aconteçam conosco, desejaremos literalmente morrer de amor até o fim dos tempos. E sabe por que? Porque foi exatamente para isso que nascemos.

Letícia Cardoso

27 de maio de 2011

Código Preto



Ás vezes eu sinto que fico com a minha mão em uma bomba quase que diariamente.

22 de maio de 2011

Carta 14 - 25 de maio: What all we need

Você precisa de alguém que realmente queira conhecer você. Saber do seu universo, estar na sua vida, te colocar nos planos. É isso que você precisa meu anjo, é o que todos nós precisamos.

Alguém que fique, que segure nossa mão, que tenha dúvidas, mas que saiba escolher. Você precisa de uma pessoa que faça você se sentir confortável e seguro para qualquer coisa, até mesmo para as mais simples. Rir alto, correr na rua, cantar na sala, dizer palavrões, dançar de qualquer maneira. Eu descobri que o amor precisa de muitas coisas além do amor e eu te desejo alguém sincero que fale de sentimentos, que fale sobre o seu passado e que realmente queira estar na sua vida.

E por que eu estou dizendo isto? Não sei, eu olhei a sua foto, e de repente, comecei a pensar essas coisas. A gente costuma pensar coisas boas para quem deixa um carinho no nosso peito. É a segunda vez que te escrevo na mesma data e sabe, eu te quero muito bem. Você sempre me pareceu muito doce e, de certa forma, eu te fiz importante pra mim. 

Então, eu quero que você vá lá e encontre a sua pessoa especial - aquela que te acompanha, que quer estar na sua vida, que te ama e te coloca nos planos. É isso que você precisa meu anjo, é o que todos nós precisamos.

17 de maio de 2011

Carta 13 - 07h23 a.m

"Ontem eu li uma menina contar sobre o casamento do irmão dela. Ela falou que foi uma das maiores emoções que ela já viveu e que nunca tinha visto antes ele tão feliz e muito menos dançando sandra rosa madalena haha'.
Bom, eu não vou ver o meu irmão casar. Mas na hora eu soube que vou sentir algo semelhante quando você estiver casando. Vou sentir uma emoção linda de entrar na igreja de braços dados com algum amigo seu e ver você lá na frente. Sei também que vou chorar no altar quando te ouvir falando os seus votos, e vou olhar para sua cara quando sua noiva estiver entrando.
Porque eu valorizo muito o amor. E você merece muito uma história bonita, uma história que se realize por completo, com todos os altos e baixos de todas as histórias de verdade do mundo e um alguém que te coloque nos planos.
E a emoção será grande porque você é como um irmão para mim, bem aquele do quarto ao lado em que eu posso bater na porta para qualquer coisa e em qualquer hora. Obrigada por tudo, de verdade.
Não temos o mesmo sangue, mas a emoção que eu vou sentir em todas as fases da sua vida será como se tivéssemos, como se nós nos conhecessemos há muito mais tempo, como se nós tivéssemos crescido juntos, lado a lado o tempo todo."

meu amigo, você não vai saber...

mas hoje eu sorri só de te ouvir da escada. Me deu saudade de quando tínhamos o nosso jeito escandaloso de falar e discutir sobre as coisas juntos. Você não me viu, nunca vai saber que eu passei por lá e nem que sorri só de te ouvir.

10 de maio de 2011

Ela gosta de Caio e de Cazuza

Acho que posso falar um pouco dela. Nos conhecemos em um corredor pequeno e meu carinho começou ali. Menininha pequenina, magrinha, do cabelo grande e olhar doce. Não sabia nada sobre ela, mas íamos trabalhar juntas se a entrevista de emprego fosse boa.

Ela me ofereceu o jornal. Dei uma lida nas manchetes, passei os olhos pelas notícias de esporte e me chamaram. Fui lá, respondi algumas perguntas, fui insegura em outras e quando saí disse a ela. "Fica calma, vai dar tudo certo". E fui embora, desejando que a menininha ficasse do meu lado durante as tardes de trabalho.

Passamos. Trabalhamos juntas, mas não no mesmo turno. Apesar disso, conheço um pouco da menininha e acredito que ela talvez seja uma daquelas pessoas raras. Ela tem um olhar por cima e por dentro de enxergar as pessoas e as situações. Ela diz coisas sinceras e tem abraços alegres e doces, sempre.

Ela se apaixona fácil e eu admiro isso, pois se apaixonar fácil é não ter medo de viver histórias, é não ter medo de viver o amor. É preferir se machucar, ao invés de nunca ter vivido uma história ou um amor. Ela carrega frases bonitas em uma das camisetas, admira pessoas boas e valoriza histórias de superação.

É assim que eu vejo a meninina que fica naquele canto da redação todos os dias. Ela tem um encanto enorme, um coração puro e palavras sinceras.
Ela tem um encantamento especial difícil de se encontrar por aí.. e tem mais, ela gosta de Caio e de Cazuza, pessoas que se eternizaram por falarem verdades profundas.

9 de maio de 2011

De tudo ao meu amor serei atento antes

Eu cheguei mais cedo. A intenção era ter tudo o que eu queria dizer certinho na cabeça e na ponta da língua. Eu sou daquele tipo de pessoa que quando o sentimento aparece as palavras somem. Então, eu precisei de um preparo. Fiquei lá naquele silêncio todo treinando e tentando lembrar de todos os pontos, todas as questões, os medos, as esperanças, inseguranças e todo o futuro - sempre inesperado futuro que eu tento moldar.

Levantei. Será que eu cheguei cedo demais? Será que eu deveria estar aqui? Era um lugar sem espaço para palavras bonitas, com pessoas apressadas que quase não observam paredes, com gente correndo pra lá e pra cá. E eu ali, parada com o coração na mão.
Comecei a olhar pro chão e a recitar Vinícius. Esqueci o Pessoa. Lembrei de Caio - sempre Caio. Me vieram trechos de Clarice, Maria Clara e Bernardo. Mas fiquei lá estranhamente recitando Vinícius. A hora não passa, o minuto não chega e eu não sabia o que fazer. Abri o livro, fechei o livro, liguei a música, desliguei a música.

Vi no fim daquele imenso corredor a minha realidade chegando. E não querendo, mas com toda a força do mundo, eu desisti. E não teve nenhuma ligação com falta de luta ou preparo, foi preciso uma grande coragem para desistir, soltar as mãos e não olhar pra trás.
Perdi o fôlego, segurei o choro e saí. Não havia mais nada que eu pudesse fazer, ser, ou construir. E mesmo eu não querendo, o Vinícius se encantou comigo e quis ficar em mim. Então eu levantei, olhei para a vida e fim... era o meu infinito acabando ali.

6 de maio de 2011

Coisas na gaveta

O negócio é que ele tinha que liberar o coração e só sabia fazer isso transformando tudo em poesia, frases e rimas. Eu gostava disso, porque eu sabia que essa era a sua válvula de escape, o seu recomeço e a sua forma de seguir em frente. O ruim perceber que, de repente, ele começou a recusar tudo. De um dia para o outro, ele decidiu abdicar de qualquer possibilidade de sentimento, qualquer coisa que o lembrasse antigas aflições e não escreveu mais.

Embora eu tenha começado a escrever rimando algumas coisas, eu nunca fui poeta. Nunca uma poeta de verdade, nunca uma poeta como ele. Eu só tenho uma necessidade quase que libertadora de escrever tudo o que eu penso sobre o mundo e tudo o que fica guardado por dentro. Claro que falar tanto sobre sentimentos faz com que as pessoas nos achem exagerados ou profundos demais, mas ninguém nunca sabe direito o que carregamos por dentro.

Ontem ele apareceu aqui em casa. Continuava com o mesmo riso fácil e doce, sempre doce comigo, com a vida e com o futuro. Seguimos sempre o mesmo enredo de todas as nossas conversas e acabamos falando sobre a parte estranha da vida. Enquanto eu achava que aquele bonito que eu conheci havia sido irremediavelmente mudado, ele me contou que na última gaveta do seu armário tem um bolo de papéis rabiscados e cartas não entregues. E com isso, eu percebi que ele só estava dando um tempo na parte mais bonita dele, o que é uma pena.

A verdade é que, ás vezes, a gente não pode dizer como se sente. Nem sempre se pode escrever uma carta ou uma poesia e entregar para quem a gente ama. E de vez em quando, não dá para liberar tudo que existe do lado de dentro. O negócio é a gente continuar sendo quem a gente é , usando a nossa válvula de escape pra aguentar a parte difícil do caminho. O que se tem que fazer é executar o plano B e guardar as coisas na gaveta.

É isso que a gente faz quando quer seguir em frente: guarda algumas coisas na gaveta.