6 de fevereiro de 2010

O seu olhar me diz tudo


Eu pedi pra você entrar e você ficou emocionado, mas não falou comigo. Você quase nunca fala comigo e eu não cobro isso, aliás, eu sempre aceito o muito pouco quando você vem me visitar. E não, isso não é estranho, é apenas saudade. Você aparecer e me olhar, ficar ao meu lado e algumas vezes me abraçar não basta, mas é melhor do que nada, porque quando a gente não pode ter tudo de alguém, a gente aceita o que ela pode dar.
Algumas vezes antes de dormir, eu fico imaginando você por perto. E eu sei que você está, porque das muitas vezes que eu chorei antes de dormir você apareceu. Eu poderia ser triste a vida inteira, só pra você aparecer sempre, mas não dá, eu tenho outras pessoas que não me deixam ser triste de jeito nenhum, e, de algum modo muito estranho, depois que você se foi eu aprendi a fugir da tristeza também.

Você entrou e estava com aquela sua jaqueta preta que eu gosto tanto. Olhou tudo e não disse nada. Olhou pra mim, com aquele seu olhar de saudade e emoção, e pronto.

Eu acordei, levantei e me arrumei rápido. Saí do meu quarto tentando relembrar todos os detalhes da sua visita, porque você sempre demora pra voltar e nunca me diz nada.
Ás vezes a gente precisa de palavras, sabe? A maioria das vezes a gente precisa de respostas e quando isso não é possível, a gente se vira com o que tem, com o que existe nas entrelinhas, com o olhar que a gente troca.

Continue aparecendo.
Eu sempre me viro, sabe? Então, se você quiser só aparecer e não me dizer nada, tudo bem.
Eu sempre acordo sabendo de tudo. O seu olhar me diz tudo.

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