25 de março de 2014

Sentir simples


inspirado em "Ser"

Troquei o dia pela noite durante umas duas semanas. Escrevi umas quatro ou cinco páginas três dias depois. Me empanturrei de todos os doces que haviam no armário na primeira noite e tentei esquecer nas duas últimas festas que fui.

Ontem tudo me lembrou você. Desde a música que tocou no rádio do carro até aquele pedaço azul de céu resistindo no meio daquelas nuvens cinzas e carregadas de chuva. Desde o personagem do livro até a nova estagiária confundindo o nome do entrevistado. Desde aquele texto sobre sinais e fazer as pessoas felizes da Clarice Côrrea até a nova música do Nando Reis.

Tenho ficado mais em silêncio do que o normal. E no fim do dia quando o chuveiro limpa o corpo, a água borra a maquiagem e o pijama traz conforto, eu encontro você e todo esse meu jeito que só sabe ser sincero, sem voltas ou reviravoltas. E a minha saída é ser camarada comigo mesma e costurar algumas peças para cobrir essa minha nudez emocional, enquanto eu disfarço todo esse sentimentalismo clichê deixando os últimos quatro ou cinco textos para mais tarde. Meu nú anda coberto de receios de mostrar o que sente, porque eu não sei o que aconteceu com aquela coisa que me ensinaram sobre ser transparente.

Escrevo para agradecer, para dizer que estou indo, e que vou voltar a seguir por essa vida errando como é certo do meu jeito irreparável de acreditar e ser. Ser sentindo tudo verdadeiro simples.

Letícia Cardoso

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