11 de março de 2011

tão sincero quanto Caio F. Abreu

Na verdade, eu acho que isso vai durar muito. Porque essa dorzinha, que eu achava que não era alarmante vai me atingir quando eu menos esperar. Isso mesmo. Dorz-Inha, daquelas que fazem um furinho com a agulha lentamente. Uma coisa aguda que trava o ar na garganta e deixa o peito pesado pra respirar.

Poderia ser uma daquelas putas dores. Sim, uma que me colocasse de cama e com febre. Porque desse jeito eu só sentiria aquela dor e pronto. Não teria que fingir que ela não existe, nem sorrir quando não dá, nem ter que viver o meu dia a dia normalmente e pronto. E aí eu diria: - É dor de amor, doutor, ou saudade, ou não sei..aí ele me daria um daqueles remédios que curam na hora e de preferência na veia, porque assim passaria pelo corpo todo e fim de papo. Mas dorz-inha não, dorzinha acaba com a gente e sabe por que? Porque ela continua existindo enquanto a gente vai vivendo...

A gente pega ônibus de manhã e vai trabalhar achando que tá tudo bem. A gente sai com os amigos achando que superou e que tudo já passou, até que essa dorz-inha puxa o seu tapete no melhor da festa. Coisa de um minuto que fica latejando. Se fosse a puta dor não. A puta dor acabaria com tudo de uma vez e aí era só juntar as coisas e se curar. Essa cois-inha fin-inha não. Ela vai quebrando aos poucos, ou quebrando o pouco, ou re-quebrando sei lá...

Só sei que eu trabalhei três dias seguidos achando que tudo já estava bem, mas aí a "inha" apareceu bem de madrugada, foi coisa de um segundo, e me virou do avesso. Mas deixa estar. Aqui vou eu suportando a "inha" em qualquer lugar aqui dentro. E talvez ela tenha que ser "inha" mesmo, talvez ela tenha que continuar sendo essa coisa chata pra gente ter esperança. E quando digo esperança, eu falo pra tudo. Até mesmo para achar que trabalhando três dias seguidos ela vai embora. Para pensar em outras coisas- mesmo que ela nos puxe o tapete mostrando que dói ainda e que não é pra fingir ou desprezar isso. Para saber que não foi preciso ficar de cama e nem remédio na veia.

Na veia só vai a nossa força. O nosso recomeço de todas as vezes, de todos os dias. Mesmo com todo esse incômodo que as "inhas" da vida causam na gente. Mesmo com todo esse fingimento necessário para se seguir em frente (a gente vai fingindo tanto que uma hora para de doer, eu acho), para latejar menos, ou qualquer coisa parecida.

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