28 de setembro de 2010

Entre batalhas solitárias e soldados acompanhados

E são tantas as batalhas que a gente tem que enfrentar sozinho e na parte de dentro, não é? Como vencer e superar as lutas de todos os dias acreditando em um exército totalmente solitário? Em uma parte do caminho, a nossa guerra tem apenas um soldado que precisa saber lutar, atacar e ao mesmo tempo se proteger, mas não é a toa que existe aquela coisa entre eles de "não abandonar um homem ferido".

Existem milhões de soldados lutando batalhas sozinhos ao nosso lado. Hoje mesmo me perguntei quantas batalhas existiam em cada um que passava ao meu lado naquela avenida. Há milhões de combates dentro de cada pessoa que encontro todos os dias, mesmo que a maioria delas nunca me pareçam sozinhas, tristes, derrotadas ou preocupadas. E elas não são mesmo, principalmente porque acordam no dia seguinte e vão enfrentar a luta do lado de fora. Tem muita gente lutando uma guerra e sendo heroi sem medalha de honra, assim como tem gente vencendo e indo comemorar com uma rodada de cerveja para a mesa inteira e por sua conta. 

Então por que eu vou duvidar do futuro? Por que eu vou duvidar do curso normal das coisas achando que não vou sobreviver às minhas batalhas ou que eu sempre lutarei sozinha? E por que eu (e logo eu) vou achar que a minha batalha é única? Não dá para ir vivendo como se ninguém que eu conheço também tivesse que se esconder por trás das trincheiras e torcer para não pisar no lugar errado. Ao mesmo tempo em que não dá para viver acreditando que nenhum outro soldado abandonará a sua própria luta pra me dar uma força. Não abandonar um homem ferido também existe entre as vidas que não escolhem lutar pela pátria, apenas pela vida.

A verdade é que, se eu sou capaz de abandonar a minha própria luta de vez em quando, outras poucas e raras pessoas também farão isso por mim. São muitas as batalhas existentes na parte de dentro sim, mas nem sempre elas são sozinhas. Para o nosso grande alívio, parte das nossas lutas ganham companhias maravilhosas que aparecem para mostrar que as coisas podem mudar, até mesmo quando a gente tá cansado achando que a guerra tá no fim e que é hora de levantar a bandeira branca. Mesmo que às vezes nós realmente tenhamos que fazer isso.

São muitas as batalhas que a gente tem que enfrentar sozinho e na parte de dentro, mas eu preferi, pelo menos por hoje, olhar para o outro lado e ver que tenho soldados que abandonam a própria luta para me ajudar com a minha. E são tantas as batalhas que a gente supera acompanhado de alguém que faz parte do nosso lado de dentro, não é?

Um comentário:

Felipe Braga disse...

Você já postou algo parecido, eu acho.

Mas desta vez você foi além. Explorou os meandros da sua mente de poeta.

Deveria aparecer mais vezes, Letícia. Imagino o prazer de conversar contigo.

Beijos.