11 de dezembro de 2011

Sentir a chuva passar é como começar de novo

Não tenho conhecimentos profundos sobre o assunto, mas sei que quem segura o que sente pode enlouquecer. Nossos pais passam a nossa infância inteira nos ensinando a controlar a nossa expressividade, porque criança morde quem não gosta, berra quando é contrariada, chora quando o sono bate e responde "Sim tia, você está gorda". Eu mesma envergonhei minha mãe muitas vezes.

Claro que a vida adulta exige que evitemos falar sobre o peso de alguém ou agredir quem não gostamos, por mais que desejemos isso. Aprendi a esconder o que eu sinto, assim como você, só que algumas vezes a gente esconde o que não é para ser escondido e é aí que dói mais.

Acho que temos que deixar de lado algumas amarras para sentir tudo que devemos sentir quando as coisas acontecerem, sejam elas boas ou ruins. Claro que não podemos falar do peso da tia, mas podemos evitar pessoas que não gostamos, chorar alguns minutos quando o trabalho estiver realmente pesado e morder todas as mágoas que ficaram de quem nos machucou, ao invés de fingir que elas não existem ou manter contato por educação. Eu mesma me enganei muitas vezes.

Se está chovendo agora, deixe-se molhar. Sinta de verdade o frio e cada poro da sua pele. Quando a chuva passa a gente se sente outro, porque realmente sentiu o que tinha que sentir deixando a parte ruim ir embora do corpo. Aí é só entrar em casa, tirar a roupa molhada e se aconchegar em algo quente, que costumo chamar de companhia, música, projeto ou qualquer outra coisa.

Chover faz parte do ciclo, não adianta fugir ou fingir que está tudo bem. Ser sincero conosco quando realmente estiver doendo é uma escolha que a gente dá conta de cumprir. Escolha sair no quintal de peito estufado e aguente todas as gotas. Sentir a chuva passar e ver que a sua roupa molhada foi pro canto é como começar de novo só com coisas boas.


Obs: O cara da foto leva a vida de um jeito que admiro. Estávamos conversando banalidades por e-mail quando ele me enviou essa foto dizendo que foi revigorante tomar chuva gripado. Ele me fez ficar pensando em todas as gotas que, mesmo doendo, deveríamos sentir e não sentimos.

2 comentários:

Carol disse...

É incrível como foi exatamente um texto com esse peso que estava esperando para essa foto. E sabia que você daria conta.
Quem nunca tomou um banho de chuva, ergueu a cabeça e fechou os olhos pensando na vida, só sentido os pingos caindo, ainda não sabe o que é sentir de verdade.

Anônimo disse...

Não segure o que sente se for pra matar sua espontaneidade. Quem se segura demais, uma hora explode - já viu o que acontece com uma panela de pressão?

O exemplo da criança eu achei ótimo - acredita que minha tia-avó me dava presentes todas as vezes que ia à casa dela e, num dia de visita, eu e os meus irmãos logo perguntamos "cadê o presente, tia"? hahaha Meus pais morreram de vergonha! Ou quando eu falei pra uma mulher que a toalha de mesa dela parecia com a da minha casa por causa dos furinhos.

Mas eu discordo quando você diz que temos que sentir todas as coisas, as boas ou as ruins. Estava estudando esses dias (rs) e cheguei na trajetória dos arquétipos. Existe primeiro o caminho da vontade, depois, o caminho do livre-arbítrio, que pode te levar para outros dois caminhos: o caminho do prazer e o caminho da dor (se bem que o caminho do prazer também pode te levar ao caminho da dor, dependendo da forma como vc age). E então eu me lembrei: todo mundo sente dor, mas o sofrimento é uma opção pessoal.

O importante é conseguir se equilibrar cada vez mais rápido e seguir em frente com um novo aprendizado. Porque as coisas são tão pequenas...

Um post gigante para dizer: vou te levar para tomar banho de chuva comigo! Faço sempre que posso. No verão, é ainda mais gostoso! Só que vai ter que dançar descalça junto comigo, ok?

Essa música é a minha cara. Achei que tem muito a ver com este post: http://www.youtube.com/watch?v=3YwVyTVgcj0

Um beijinho, minha linda!