10 de maio de 2010

Eu te amo também


Há muito tempo atrás, durante uma tarde qualquer, eu senti o meu mundo desmoronar porque eu não tinha dito o suficiente para a melhor pessoa da minha vida o quanto eu a amava. E a minha pessoa foi embora sem carregar uma mala pesada e cheia de coisas ditas por mim. Foi a maior mudança da minha vida. 

Durante alguns bons meses, eu precisei acreditar em várias coisas. Eu tive que pensar que todas as coisas que já havia feito eram uma prova do tanto de amor que eu tinha, eu precisei acreditar que esperar atrás da porta escondida, limpar o chão junto e massagear os pés da minha pessoa faziam ela saber o que eu sentia. O problema é que nada dessas coisas me fizeram pensar que a mala que a minha pessoa levou consigo tinha coisas bonitas que eu já disse, principalmente porque eu era muito pequena para saber sobre essa parte do amor.

Depois dessa tarde, eu passei a dizer a todos que faziam parte do meu coração que eu os amava, e foi assim até alguns dias atrás. Eu tinha uma necessidade enorme de deixar as pessoas sabendo o que eu sentia por elas e o quanto elas eram importantes para mim. Eu fiz uma mochilinha imaginária com todas as minhas palavras bonitas para cada um levar consigo e as abastecia todos os dias. O problema é que descobri que o maior perigo de abastecer mochilas é, em parte, ouvir só um 'eu também'. O maior perigo é não ouvir algum eu te amo inesperadamente porque você já atingiu todas as cotas de eu te amo do dia.

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Agora que sei mais sobre essa parte do amor, percebi que o suficiente já é o bastante. Descobri que a minha pessoa levou uma mala cheia de amor meu, mesmo que eu não tenha dito tanto. Toda aquela coisa que eu tinha de deixar as pessoas saberem sempre o quanto eu sinto não é necessário, principalmente porque algumas vezes o necessário é deixar as pessoas não saberem.

Eu não vou mais abastecer mochilas, nem lembrar os distraídos o quanto eu os amo, porque de alguma forma o meu amor está sempre aí. Ele está comigo quando respiro, quando falo, quando abraço, quando acordo e vou dormir e eu não preciso me preocupar tanto assim, porque as pessoas atentas vão saber ver até no meu silêncio que ele está sempre aqui.

2 comentários:

Marina disse...

Esa foi uma das coisas mais bonitas que já li.
Vou divulgar e recomendar porque, além de concordar com você nisso tudo, eu tb acredito que o maior amor é o não dito.
Bjão!

Felipe Braga disse...

Que coisa mais linda, Letícia!

Realmente, muitas vezes, também, o "eu te amo" não é verbal. Um olhar, um sorriso, um gesto, pode denotar uma linda declaração.

Lindo, mesmo.

Beijos.