11 de outubro de 2013

"Morre e nasce trigo, vive e morre pão"


Quem sente mais, quem se expõe mais, tende a sofrer mais.
E quem não se expõe também, só não demonstra. 
Sentir não é sofrer. E não sentir, não é ser feliz.

Drão by Gilberto Gil on Grooveshark Fui procurar a história por trás de 'Drão', do   Gilberto Gil e  descobri que  o cantor compôs para a ex-esposa alguns dias após a separação e tocou para ela algumas semanas depois de pronta, o que não mudou a decisão que eles tomaram. Talvez isso contribua muito para que as pessoas a enxerguem como uma canção de ruptura ou de um problema que fez o amor acabar e tudo o mais. O que não deixa de ser verdade, mas a gente sabe que ela não é toda assim.

A letra traz coisas como "Drão, não pense na separação, não despedace os coração" ou "Drão, os meninos são todos são. Os pecados são todos meus" e vê que nisso tudo há mesmo um bocado de tristeza e melancolia. Fico pensando até no que se passa por dentro do Gil quando ele precisa cantar essa música ou dentro do Caetano melodiando "Quem poderá fazer aquele amor morrer? Nossa caminhadura..." em uma versão ainda mais linda com aquele estilo voz e violão que ele temAs criações são de uma natureza muito íntima.

Na sua análise de "Drão", o amor não tem que acabar, estar desgastado e ter nos dilacerado para haver uma separação. E eu concordo, às vezes o destino infelizmente tem a péssima ideia de não deixar o amor ser suficiente. Eu acho que quando há uma separação, a gente só precisa esperar que ele tome o seu rumo, ao invés de desejar que tudo acabe imediatamente. Os sentimentos simplesmente não tem disso, eles costumam se silenciar discretamente de um jeito que a gente nem percebe: fazendo  as malas no meio de uma noite qualquer e encontrando algum espaço no peito que não lateje tanto para se instalar, junto com todos os outros amores do nosso passado. Bobagem essa história de que existe apenas um amor ou uma única alma-gêmea no meio de sete bilhões de pessoas. Todos os nossos amores, pessoas e épocas foram diferentes. E de algum jeito e sem medo é preciso dar um jeito de seguir em frente, sempre.

Como você disse, a gente leva alguns golpes, cria umas cascas e evita de ter um outro relacionamento ou sentimento, até que um dia a gente encontra um outro amor assim: Drão. Porque a verdade é que Gilberto Gil foi muito mais incrível e cantou o destino de todos os amores, mesmo com a separação: "Quem poderá fazer aquele amor morrer, se o amor é como um grão: morre e nasce trigo, vive e morre pão?"

É como se não houvesse jeito. Que não adianta ter receio de se apaixonar ou de se envolver, porque isso deve acontecer com você e pronto. Aceite o seu destino e não fuja, evite ou tenha medo de qualquer caminho que o sentimento venha a ter. Ele não tem que nascer, morrer ou ter um ponto certo para chegar, porque o amor é como um grão: quando vem, chega apenas querendo germinar.

Letícia Cardoso


7 de outubro de 2013

O destino de todos os afetos

O nosso carinho pelos outros é sempre muito particular e muito nosso: nasce dentro, vive dentro e até morre dentro também. Mas, eu acho importante falar sobre ele com a outra pessoa. É como se o nosso carinho, mesmo muito particular e muito dentro, pudesse seguir um outro caminho para se encontrar.

Acho que esse é o destino de todos os afetos: um outro carinho para se encontrar.


Letícia Cardoso