23 de dezembro de 2011

Os olhos não envelhecem

Embora todo mundo fale que é maravilhoso descobrir a verdade olhando nos olhos de uma pessoa, não é isso que chama a minha atenção. Claro que foi lindo perceber que alguém me amava pelo jeito que ele me olhava. Claro também que eu já descobri que amava alguém porque não conseguia tirar os olhos da minha pessoa e muito menos escutar algumas ladainhas que ele contava. Era como se o mundo e tudo em volta pudesse parar por um instante e só sobrasse ele contando qualquer coisa que eu não conseguia escutar direito de tão mágico que era aquilo.

Mas, apesar de todas essas situações que a gente vive com os olhares e as verdades que ele nos traz, o que mais chama a minha atenção é perceber que eles não envelhecem. O corpo muda, a barba cresce, e os olhos continuam os mesmos. As rugas se assentuam, o andar fica mais fraco e os olhos da infância continuam ali.

O primeiro amor passou, as marcas do segundo já estão desaparecendo e os olhos ainda são capazes de falar o que sentem. Sem disfarces ou máscaras, os olhos sempre falam a verdade e são a única parte do corpo que não envelhece. Talvez isso signifique algo importante.



11 de dezembro de 2011

Sentir a chuva passar é como começar de novo

Não tenho conhecimentos profundos sobre o assunto, mas sei que quem segura o que sente pode enlouquecer. Nossos pais passam a nossa infância inteira nos ensinando a controlar a nossa expressividade, porque criança morde quem não gosta, berra quando é contrariada, chora quando o sono bate e responde "Sim tia, você está gorda". Eu mesma envergonhei minha mãe muitas vezes.

Claro que a vida adulta exige que evitemos falar sobre o peso de alguém ou agredir quem não gostamos, por mais que desejemos isso. Aprendi a esconder o que eu sinto, assim como você, só que algumas vezes a gente esconde o que não é para ser escondido e é aí que dói mais.

Acho que temos que deixar de lado algumas amarras para sentir tudo que devemos sentir quando as coisas acontecerem, sejam elas boas ou ruins. Claro que não podemos falar do peso da tia, mas podemos evitar pessoas que não gostamos, chorar alguns minutos quando o trabalho estiver realmente pesado e morder todas as mágoas que ficaram de quem nos machucou, ao invés de fingir que elas não existem ou manter contato por educação. Eu mesma me enganei muitas vezes.

Se está chovendo agora, deixe-se molhar. Sinta de verdade o frio e cada poro da sua pele. Quando a chuva passa a gente se sente outro, porque realmente sentiu o que tinha que sentir deixando a parte ruim ir embora do corpo. Aí é só entrar em casa, tirar a roupa molhada e se aconchegar em algo quente, que costumo chamar de companhia, música, projeto ou qualquer outra coisa.

Chover faz parte do ciclo, não adianta fugir ou fingir que está tudo bem. Ser sincero conosco quando realmente estiver doendo é uma escolha que a gente dá conta de cumprir. Escolha sair no quintal de peito estufado e aguente todas as gotas. Sentir a chuva passar e ver que a sua roupa molhada foi pro canto é como começar de novo só com coisas boas.


Obs: O cara da foto leva a vida de um jeito que admiro. Estávamos conversando banalidades por e-mail quando ele me enviou essa foto dizendo que foi revigorante tomar chuva gripado. Ele me fez ficar pensando em todas as gotas que, mesmo doendo, deveríamos sentir e não sentimos.

5 de novembro de 2011

Carta 17 - 10 de outubro

Quando eu falo que as coisas mais bonitas que eu já ouvi sobre mim vieram da sua boca, eu não estou tentando ser clichê. Você sabe que eu sou meio piegas e eu não nego esse meu lado, mas quando paro pra pensar sobre todas as conversas que eu tive na vida, eu lembro que as coisas mais bonitas que eu já ouvi sobre mim vieram da sua boca.

O engraçado é que a gente não se fala tanto quanto gostaríamos e deveríamos. O ridículo é que a gente não se vê todos os dias ou toda semana. O bonito é que quando a gente se encontra é como se o tempo não fizesse diferença alguma. Como se a amizade fosse realmente para ser.

Eu sei pelo o que você passou e também sei que foi difícil vencer tudo o que você venceu por dentro, mas ontem enquanto eu te olhava falar eu fiquei em paz de saber que nada disso tirou a sua docilidade. Existe um provérbio indiano que fala que "A batalha mais difícil é aquela travada dentro de nós mesmos", e você é um vencedor, saiba disso.

Eu realmente desejo que ela esteja no seu destino e quero mesmo te ver feliz. Obrigada por todas as risadas, pelo companheirismo de sempre, pelo carinho e amizade de todas as vezes. Obrigada por me lembrar quem eu sou e me dar um gás para a vida. Desejo que Deus te abençõe todos os dias - e eu já te disse que ele estava do seu lado quando você estava sozinho.

Paz, amor e serenidade meu amigo, você é uma pessoa incrível. Eu te amo e obrigada por me trazer coisas bonitas.

21 de outubro de 2011

Solidão, que nada

A gente nasce e morre meio que sozinho. Todo mundo quer (e tudo bem querer) uma companhia nesse intervalo.

10 de outubro de 2011

Silêncio I

Eu passei a acreditar em olhares. Você pode dizer a uma pessoa o quanto ela significa para você só olhando pra ela. Isso sim é bonito e quase ninguém vê. Um pouco triste, talvez, mas quase ninguém sabe. Cansei de palavras, essa é a verdade. Ou melhor, cansei de falar e falhar. Hoje eu escolhi o silêncio, hoje eu preferi só olhar.

2 de outubro de 2011

Life is for living

Eu acho que a gente tem que fazer o possível para passar por cima de todas as complicações e medos, para viver um pouco. Eu pensava que a gente tinha que correr para conseguir a felicidade de fato, mas a alegria e a calma no decorrer do caminho fazem uma enorme diferença, não é?

E eu tenho pressa, e já tive mais. Quero logo me estabilizar profissionalmente. Quis logo encontrar o amor, quis vivê-lo, quis perder o fôlego. Quero logo o Ano Novo e aquela sensação de recomeço, com todas as coisas novas que ele pode me trazer. Quero, já aos 19, olhar para trás e dizer que valeu a pena. Olhar para trás e já ter milhões de histórias para contar. E não adianta, quanto mais eu tenho pressa, mais os grandes caras mandam eu ter calma. Enquanto eu crio planos e estratégias para lidar com a profissão que escolhi, mais eu ouço que eu tenho que estudar e deixar rolar. Quanto mais medo eu tenho de deixar o trabalho me impedir de viver a vida, mais a vida me encaminha para esse lado. Quanto mais eu tenho medo, mais os grandes caras falam pra eu não ser assim.

Aprendi a viver o sorriso do caminho, porque não encontrei a felicidade no final de uma das minhas histórias. O final é só a linha de chegada, o meio do caminho é que conta, e que faz a diferença de fato. Aprendi a ir devagar com o amor depois que me machuquei. Ele vem quando tem que vir, vai embora quando tem que ir e não adianta torcer para ele ficar, porque ele fica quando ele tem que ficar. E é questão de sorte o sentimento acontecer no outro peito, não existem fórmulas concretas, nem manuais, nem sensualidade ou uma saia mais curta. Não há muita coisa que te ajude. É só você, a sua pessoa e o que tiver que acontecer.

Então, eu vou com mais calma. Vou até com um pouco menos de medo de perder as coisas bonitas. É a vida adulta chegando, eu sei. Mas, não me culpo por ter tido a pressa pelo amor, nem pela pressa profissional de agora. É só a minha sede extrema de vida, de querer viver e ser, embora eu já esteja vivendo e sendo algo. Eu preciso lembrar, constantemente, que neste exato momento eu também estou vivendo. Neste exato momento, eu tenho algo para viver. E de agora até amanhã, terei muitas coisas também. Eu fico com essa sensação de que a gente tem que correr contra o tempo, mas é o que eu tenho pra hoje que importa. E que eu não vou perder nada indo com calma, mesmo que a vida tenha começado a andar mais rápido depois dos dezoito.

22 de agosto de 2011

Então, boa sorte!


Não sei o que pensar sobre as voltas do mundo, sobre coisas boas acontecendo para boas pessoas, sobre a justiça dos acontecimentos. Eu achei que era tudo meio causa e consequência, sabe? Hoje eu estou começando a achar que é um pouco de sorte. É questão de sorte você ser feliz, você encontrar alguém, achar o trabalho certo, ter o sentimento começando no outro peito. Nunca gostei de pensar que a vida é um jogo, eu sempre quis enxergá-la de um modo bonito, mas em alguns momentos eu paro para pensar onde pode estar o sentido de tudo, e muitas vezes a justiça das consequências. Não sei mais se ser bom te garante uma coisa boa te acontecendo, nem se ser justo como pessoa te livra das injustiças lá na frente. Mesmo assim, tenho por certo que a gente nunca tem que deixar de ser o que é.

Talvez seja pura coisa de caminho, aquilo de estar no lugar certo na hora certa, sabe? Mas sei lá, pensar que talvez tudo seja uma questão de sorte é horrível. A sorte nos faz pensar sobre justiça e merecimento, nos faz perguntar o por quê, nos tira do controle das coisas... e o mais incômodo de tudo: a sorte faz a gente pensar toda hora quando é que vai chegar a nossa vez.

E em parte, ter a nossa vez também é uma questão de sorte.

20 de agosto de 2011

Por um lado...

Eu nunca vou deixar de olhar as coisas sem um pouco de romantismo que seja. Não importa o cenário em que eu me encontre. Já tentei olhar tudo com um pouco de dureza, mas não deu certo e nem durou muito tempo, não. Tenho uma amiga que diz que eu sempre romantizo tudo e isso chega até a ser engraçado ás vezes, sabe?

19 de agosto de 2011

Hamlet - Ato V cena II

Ás vezes a gente está preparado e só precisa de uma chance, é assim com tudo na vida. Seria bem mais fácil se pudéssemos criar a nossa chance no meio do caminho. Seria até mais justo - e tranquilo para o coração - se fosse possível sair de casa e segurar com todas as forças aquilo que a gente mais deseja ou até mesmo abraçar aquilo que a gente mais quer.

Estar pronto nem sempre é tudo, Hamlet.

Menininha

O problema da menina é que ela sempre se despede do que acaba de chegar. Acho que ela teve que soltar as mãos de tanta gente durante o caminho, que quando alguém está vindo ela já pensa como vai ser se ele for embora e não voltar.

2 de agosto de 2011

Coisas da vida

Eu acho que na medida do possível, a gente tem sempre que se jogar de cabeça. Mesmo morrendo de medo a gente tem que ir lá ver como que é, o que é que tem, no que vai dar. Na medida do possível, a gente acaba sempre se jogando de cabeça, e com algum tipo de fé que eu ainda não sei explicar. Não sei como aparece e nem de onde ela vem. A gente pula e pensa "Bom, agora é com você vida. Tomara que tenha coisas boas para mim". E se não vierem coisas boas o tempo ajuda, porque a gente sempre acerta alguma coisa em cada pulo. Sempre.

1 de agosto de 2011

"Valsinha V" sempre foi a minha favorita

Estranho mesmo é achar que as coisas acabam, que elas se vão. Estranho mesmo é viver sabendo que as coisas acabam e elas realmente se vão. Vou te contar meu camarada, eu vivo tempos estranhos sempre e já até me acostumei com essas ondas inesperadas da vida, embora elas doam de alguma forma. O riso da situação cômica do caminho, a náusea do fim de um amor, o olhar se abaixando, a mão demorando no ombro, o sozinho, o alegre, o recomeço e qualquer outra coisa que todo mundo vive durante esse nosso caminho feito de planos e surpresas que vem e vão diariamente.

Mas, um dia eu quis tirar minhas palavras da gaveta. E encontrei um motivo a mais aqui.
Eu poderia falar de amor, da vida, do caminho e de tudo. Sem vergonhas, sem medo e sem receio algum de me mostrar. Eu também assino cartas que não vou entregar e escrevo com toda a sinceridade do mundo. Escrevo como a "Valsinha V", que foi a primeira coisa que eu li e que sempre foi a minha favorita. Sou sincera com as palavras e com a vida sem receio nenhum, como algo que precisa ser dito - e vivído - e que não pode ser deixado para trás perdido em algum lugar da parte de dentro. "Viajo porque preciso, volto porque te amo" diz tudo. Escrevo para jogar pra fora, mas principalmente para ser feliz hoje.

Não sei em que parte tudo isso começou. Não sei nem porque penso tanto em amor. Não sei porque escrevo, porque jogo pra fora, porque escolhi ser sincera. Mas sei que encontrar algumas pessoas no caminho faz toda a diferença. Se hoje não tenho receio de escrever, de falar de sentimentos sem medo de ser clichê, de falar de amor até mesmo na fase ruim que ele tem, foi porque há uns três anos atrás eu me apaixonei por alguém, depois sofri por outro alguém e encontrei tudo o que sentia em frases versadas e verdades ditas de um lugar.

"Se os tempos agora estão realmente estranhos, é bom que a gente saiba por onde caminhar".

Então, você só precisa saber que quando a gente acerta no que os outros sentem, eles costumam nos seguir sempre em qualquer lugar. Como uma fuga, uma procura, um motivo ou qualquer outra coisa que faça a gente desesperadamente se encontrar.

29 de julho de 2011

Existem poucas

O melhor que você pode fazer por uma pessoa é estar ao lado dela não importa o que aconteça. Dar-lhe segurança para cair um pouco, gritar um pouco e levantar depois. A melhor coisa que você pode fazer é mostrar a alguém que você está ali e que estará sempre ali. Os amigos, geralmente, são os que mais acertam nisso, mas se você encontrar alguém desse tipo em outra categoria guarde-a com carinho e segurança. Existem poucas.

26 de julho de 2011

A coisa mais importante que eu já decidi

Não deixar de ser quem eu sou faz parte do compromisso que tenho comigo mesma. É como um pacto, e eu não vou falhar com isso nunca meu amigo.

20 de julho de 2011

Amor de amizade

Antes eu sonhava com um cara legal para eu me apaixonar, eu queria uma pessoa que gostasse de conversar e que fosse tranquilo com a vida. Alguém com que eu pudesse rir quase todo o tempo e que tivesse facilidade para me abrir e chorar de vez em quando. Antes eu queria um cara que valorizasse as coisas simples, que gostasse de fazer surpresas e guardasse com carinho os bilhetes que eu escrevo sempre. Queria um cara para sentar comigo em um barzinho em plena quarta-feira a noite e dançasse comigo no meio do quarto no final de um domingo. Que topasse um filme no meio da semana sem planejar antes, que cantasse o mais alto possível só para rirmos juntos e que gostasse de sorrir de graça e com graça. Alguém que me completasse. Hoje não penso mais nesse cara. Hoje eu só quero alguém que se pareça com os meus amigos, mais nada. Será o cara perfeito para mim, só isso.

13 de julho de 2011

Carta 16 - Fuga

Eu queria muito que você estivesse aqui por perto todos os dias. Acho uma pena nós não nos falarmos muito pelo telefone e acho uma pena você ter crescido.
Eu entendo o rumo dos seus passos, fico feliz pela família que você construiu e pelo o que conquistou. Sinto um orgulho enorme por te ver exatamente onde você sempre quis estar. Eu acho que deveríamos nos telefonar mais vezes, eu sou de conversar tanto, sabe? Eu queria te contar que escrevo, queria que você me dissesse o que acha. Ás vezes também eu queria que você me pegasse aqui em casa pra gente ir almoçar juntos, queria conhecer os seus amigos e te apresentar os meus. Você veria que todos eles são exatamente iguais a você.

Eu queria muito que você estivesse aqui por perto todos os dias por vários motivos. Acho que a gente seria sempre parceiro, sempre cúmplice. Acho também que eu continuaria sendo mais sentimental e menos introspectiva. E você continuaria sendo o otimista e brincalhão de sempre. Todos continuariam te olhando com aquela cara de orgulho fazendo eu questionar de onde você consegue tirar tanto carisma.

Eu queria muito que você estivesse aqui por perto todos os dias, porque eu te amo com todo o meu coração. Você cresceu comigo e foi o mais próximo que eu tive de um irmão, e talvez isso explique o carinho e a emoção que sinto dentro do peito.

Não entenda mal tudo isto. Não entenda mal nem essa minha carta ou o meu jeito sem graça quando você aparece sem avisar. Quando você vem eu fico com uma vontade de te colocar em um potinho e deixar no meu quarto para não te ver ir embora, e peço que não estranhe isso. Eu só queria dizer que sinto muito a sua falta, mas sinto orgulho pelo o que você se tornou. Eu fico tranquila sabendo que você arranjou um jeito de fugir da sua solidão, mas eu queria muito que você estivesse aqui por perto todos os dias para eu fugir um pouco da minha.

10 de julho de 2011

você é a saudade que eu gosto de ter

Eu lembro de uma vez que você me disse que quem beija de olhos abertos não ama de verdade, mas eu acho que consigo entender as pessoas que abrem os olhos durante um beijo. É que ás vezes o momento é tão mágico, a coisa tão inacreditável e tudo tão bonito que a gente abre os olhos um pouquinho só para ter certeza de que aquilo está acontecendo de verdade. Ás vezes a gente só quer ter certeza de que é real, de que se realizou. Eu abri só daquela vez e foi para ter certeza de que aquilo tudo era lindo da mesma forma que parecia ser na parte de dentro do meu peito. Todos os outros beijos que dei foram de olhos fechados porque eu queria mostrar que eu amava de verdade. A gente faz cada coisa para mostrar que ama de verdade, não é?

6 de julho de 2011

Eu acredito em tanta coisa engraçada

Eu acredito em tanta coisa engraçada quando não posso falar. Eu falo várias coisas o tempo todo e me despeço sempre com alguma coisa dita. Eu não deixo ninguém nunca ir embora sem uma palavra minha. Mas, ás vezes, eu também escrevo cartas que eu nunca vou poder entregar. Eu acredito que se eu ler elas bem baixinho no meio da noite minhas palavras vão entrar no sonho de alguém. Então essa pessoa vai saber tudo o que eu tenho - e gostaria - de falar. Eu escrevo e leio cartas o tempo todo e acredito que, de alguma forma, as palavras saem da minha boca e caminham no meio da noite para algum lugar. Acredito que elas entram no quarto, se acomodam no peito ou no inconsciente, e ficam com a minha pessoa para sempre - até mesmo se ela acordar.

28 de junho de 2011

Para B.

Um dia eu vou atrás de você pra descobrir o que aconteceu na sua vida para você ser assim. Um dia, qualquer dia, eu vou sair pela estrada e dirigir para qualquer lugar. Dirigir minha vida para o caminho mais bonito com gente simples pra eu conhecer, como seu sempre quis, como eu pensei em fazer agora há pouco enquanto olhava a rua e molhava as plantas.

Um dia eu vou aí, descobrir o que a vida fez pra você ser você. Vou saber o que te transformou, o que te fez escrever assim. Você me indaga sempre cara, só queria te deixar sabendo disso. Eu me imagino daqui uns cinco ou seis anos com um bloquinho e um gravador na mão sentada bem na sua frente dentro de uma varanda iluminada pela luz do sol de Minas Gerais. Eu, um pouco desajeitada querendo uma boa conversa com perguntas que rendem um bom discurso, e você sentado com as pernas cruzadas, coçando a barba e pensando "O que na verdade essa garota quer realmente saber de mim?".

Vim saber a sua história e o que te faz ter essa loucura para cair na estrada, no mundo e em tantas outras vidas. Hoje eu conversei com um amigo meu sobre a minha forma de conhecer as pessoas. Eu pergunto muito e presto atenção em tudo, até nos gestos e modo de falar. Porque o que eu gosto mesmo é de entrar na vida e na história do outro - acho que essa é a melhor maneira de se conhecer alguém de verdade. Não gosto de conhecer ninguém pela metade.

Um dia eu vou atrás de você pra saber em que parte da estrada você aprendeu tanta coisa e como foi que isso aconteceu. Vou literalmente fugir de casa quando bater o "Chegou a hora". Um dia, qualquer dia, eu vou dirigir minha vida na direção contrária e conhecer você. E entender porque te admiro tanto. Acho que é a sua sede de vida cara, mas principalmente o que você aprendeu na estrada.

Foto: Carlos Hauck

26 de junho de 2011

é um estado de espírito

Descobri o segredo da felicidade. Eu não vejo mais nada. Apaguei tudo, tudinho cara, só para não ver mais nada. Não tô fugindo não, se liga. A questão é que entre manter as coisas e sofrer, eu escolhi ser feliz. Essa é a minha hora, eu tô viva e posso ser o que quiser. Hoje eu tive vontade de dançar uma música no meio da rua, olha que maluco! Aquela minha sede de sugar a vida voltou e eu posso sair de casa e andar por aí se eu quiser. Então, ontem eu desabutuei a blusa e deixei o coração respirar. Comecei a imaginar e sonhar como antes. Estou aqui, sem grilos, sem medo. Não guardo mais nada, pelo contrário, eu solto tudo agora. Você não sabe como é bom viver o momento e deixar a vida seguir o seu percurso. Passar pelas crises, aceitar que a dor está ali e desabotuar a blusa pra deixar ela ir embora. Descobri o segredo da felicidade, cara: é virar o rosto para o que realmente não importa e não ver mais nada.

25 de junho de 2011

ás vezes eu quero dizer tanta coisa, mas só frases soltas e sem sentido saem de dentro.

21 de junho de 2011

a noite mais longa do ano

Segundo os astrônomos, a primeira noite de inverno é a mais longa do ano. Fiquei pensando como seria possível, já que uma noite e um dia inteiro somam um tempo exato de 24 horas, mesmo que a gente deseje de vez em quando um tempinho a mais. Eu desejei ter ao meu lado alguém que entendesse do céu e da noite para me explicar isso direito, porque fiquei com uma sensação de que teria uma oportunidade de fazer algo a mais,  ou uma chance talvez.

São quase duas da manhã e eu tô seguindo na noite mais longa do ano com esse silêncio da madrugada que eu gosto tanto. Imagino as pessoas dormindo em suas casas, enquanto ouço o som de alguns carros e aviões passando. Deitada na cama, eu penso sobre essa sensação do tempo passar mais devagar.. e é tudo tão ilusório, porque eu só estou debaixo dos meus lençóis bagunçados pensando sobre a vida e os momentos que deveriam durar.

Olho para a janela e vejo que a lua está com uma luz enorme. "Ela está feliz, eu acho" - pensei comigo mesma. Virei de lado e sorri, porque se essa era mesmo a noite mais longa do ano a lua estava tendo a chance de durar um pouco mais. Imagina como seria legal se pudéssemos ter a chance de fazer algo durar mais?

As coisas duram o tempo certo e necessário que elas tem que durar, eu sei. Mas, às vezes é realmente uma pena quando amanhece.

19 de junho de 2011

Carta 15

Ainda bem que eu tive o prazer de passar um ano inteiro de tardes com você. Eu disse uma vez que você tem esse jeito nervoso de ser que assusta a gente ás vezes, mas só quem fica perto sabe o quão doce você é. Você tem um coração enorme e eu sempre admirei a sua fé em Deus. Lembro quando você ficou em dúvida quanto aquela proposta de estágio e olhou pra cima apontando e falando pra Ele "Ó, você me veja bem o que tá fazendo hein?". Eu achei aquilo incrível! Nunca te disse, mas seu abraço sabe chegar sempre na hora certa, o seu sorriso melhora as tardes da gente e suas mensagens de madrugada me fazem rir.

Ainda bem que você chegou e me mudou. Foi uma mudança necessária na minha vida e no meu jeito de ser e eu te agradeço por isso. Hoje em dia, se alguém causar qualquer machucadinho em mim eu não vou ficar quietinha graças a você. Essa é a coisa mais bonita que você me deixou, além de tantas outras coisas que descobri com o seu coração enorme. Talvez Deus tenha pensado assim: "Se a Letícia continuar assim ela vai sofrer muito na vida e eu realmente preciso dar um jeito nisso". Foi então que ele te colocou no meu caminho.

Agora você foi para um outro lugar e eu quero do fundo do meu coração que você seja feliz, do mesmo jeito que eu fui feliz contigo durante todas as nossas tardes. Que você possa continuar falando alto, xingando todo mundo e rindo da maneira mais incrível possível. Eu adoro o seu jeito aberto de ser, de se mostrar e de viver com toda a essência da vida. Sempre acreditei que quem passa pela vida assim é que vive de verdade.

Obrigada por tudo. Você não foi uma colega de trabalho, você foi a minha companheira e é a minha amiga.

Sinto saudades sempre e amo você,

"Wannessa"

16 de junho de 2011

Pensamentos

1 . Será que todo mundo sabe quanto vale todas as coisas simples? Eu dou um valor absurdo para os detalhes do caminho, de vez em quando eu até escrevo bilhetinhos só pra marcar a vida de alguém.

2 . Eu acho realmente que existe algo por trás de todos nós que vai colocando pessoas e situações distintas no nosso caminho para nos mudar de alguma forma ou nos ajudar. Lembro que quando eu era mais menina, eu fechava os olhos bem forte e me imaginava encontrando alguém de quem eu sentia falta. No final do dia, de alguma forma, a minha pessoa estava lá no final da rua e eu recebia o maior abraço do mundo.

3 . Essa semana eu comecei a ler um livro para acreditar naquele amor que eu achava que existia quando era menina, e o que resgatei foi a importância das coisas simples e a certeza de que quando a gente ama uma pessoa, a gente vai estar sempre fazendo algo por ela. Mesmo que esse "algo" seja seguir em frente ou ler um livro pra ela, ou até mesmo ir vê-la sem motivo algum.

4. Hoje, no meio de uma palestra sobre jornalismo, eu conheci uma pessoa que eu sempre quis conhecer e olhei timidamente umas duas ou três vezes para trás só para ter certeza. Eu também achei que não daria tempo de dizer o quanto as coisas que ela escreveu se pareceram comigo durante todos esses dois anos e alguns meses. Então eu escrevi um bilhete e entreguei. Ela é doce como eu imaginava e abriu um sorriso enorme quando eu contei que já a conhecia, embora ela nunca tivesse me visto. Se antes eu gostava dela, agora por um acaso, a vida fez eu gostar mais.

5. E voltando pra casa eu fiquei pensando quantas pessoas também conhecem ela sem nunca terem a visto.

6. E voltando pra casa eu fiquei pensando quantas pessoas vem me ver todas as vezes que eu tenho novidades e me conhecem sem nunca terem me visto.

4 de junho de 2011

Partidas de verdade são despedidas de mentira

Não há uma hora certa para deixar alguém ir embora ou permitir que alguém se vá. Ou simplesmente respirar e dizer: agora eu tenho certeza que ele se foi. Há apenas uma espera com prazo indeterminado e algo que a gente tem que saber lidar.

Não está nas suas mãos segurar ninguém, o que está nas suas mãos é fazer uma pessoa querer ou não estar em sua vida. Às vezes as coisas estão lindas, mas não são o suficiente. O cenário é você se esforçando para ser incrível e alguém indo embora neste exato momento. Não há como impedir, mas pode existir aquela coisa de "alguém querer ou não estar na sua vida".

Amor tem muita mais a ver com escolhas do que com qualquer outra coisa, meu amigo. Repita isso diversas vezes. E se você tem a possibilidade de alguém querer ou não estar na sua vida, lute para que ela queira estar. Isso não tem nada a ver com esperar, dar um tempo ou se afastar, pois eu falo da possibilidade de sentimento. Se você pode reconquistar alguém, então reconquiste a sua pessoa e traga ela de volta, porque isso sim está nas suas mãos. Porque quando já não há mais o que fazer a gente só torce para a pessoa ficar. Torce com toda a força do mundo até a dor ficar insuportável. Então a gente desiste, volta atrás, desiste de novo, deixa fluir e por fim tenta saber lidar. "Mais difícil é desistir do que se ama", já dizia Bob Marley.

Saiba que tudo bem desistir porque dói ou porque não há mais o que fazer quando alguém está indo embora. Faz mal pensar que poderíamos ter esperado mais ou tentado mais, quando na verdade não poderíamos. Não tem como recuperar algo que já se foi.

Por isso, não há uma hora certa para soltar as mãos de alguém... ou se despedir, ou dizer adeus de uma vez, para mais tarde descobrir que foi bom aquela pessoa ter ido embora. Não existe adeus, porque existem reencontros, acredite.E no fundo, ninguém nunca vai embora, não de verdade. Você pode ir embora de verdade, mas a minha despedida será totalmente de mentira.

Quanto a mim... eu nunca vou deixar você ir embora, ao menos que você já tenha partido. E como as despedidas nunca são de verdade, você ainda ficará um tempo comigo.

28 de maio de 2011

Amor é um ato de fé

Descobri que nesta etapa de vida, eu não tenho motivo nenhum para acreditar em histórias incríveis, caras românticos ou coisas bonitas. Mas, mesmo assim, tenho uma chama que ilumina tudo. Há em mim qualquer coisa que não sei dizer o que é, mas que arde de um modo absurdo. Com ela eu lembro que estou viva e que estou seguindo no meio de tanta gente que já amou e é capaz de amar com todo o coração e alma, mesmo com tudo provando o contrário.

Às vezes simplesmente não dá para acreditar em alguma história incrível ou algo bonito acontecendo, eu sei. Mas há uma porção enorme de pessoas andando ao seu lado que sobreviveram a um coração partido e recomeçaram. Acho bonito observar casais com os seus segredos, brincadeiras e individualidades vivendo entre os seus unir de mãos, deitar de ombros e aconchegos. E acho mais bonito ainda continuar achando tudo isso encantador mesmo com o coração apertado.

Não importa o quanto eu me decepcione, essa chama vai continuar existindo. Eu me sinto uma sobrevivente e não tenho ideia de como isso aconteceu, só sei que essa coisa de continuar acreditando nunca vai mudar para mim. Amor é um ato de fé, tenho cada vez mais certeza. É uma maneira de continuar acreditando até mesmo quando não temos nada conosco de fato. Às vezes é necessário até um esforço mental e interno para o coração continuar batendo, eu sei, mas a verdade é que por mais que coisas ruins aconteçam conosco, desejaremos literalmente morrer de amor até o fim dos tempos. E sabe por que? Porque foi exatamente para isso que nascemos.

Letícia Cardoso

27 de maio de 2011

Código Preto



Ás vezes eu sinto que fico com a minha mão em uma bomba quase que diariamente.

22 de maio de 2011

Carta 14 - 25 de maio: What all we need

Você precisa de alguém que realmente queira conhecer você. Saber do seu universo, estar na sua vida, te colocar nos planos. É isso que você precisa meu anjo, é o que todos nós precisamos.

Alguém que fique, que segure nossa mão, que tenha dúvidas, mas que saiba escolher. Você precisa de uma pessoa que faça você se sentir confortável e seguro para qualquer coisa, até mesmo para as mais simples. Rir alto, correr na rua, cantar na sala, dizer palavrões, dançar de qualquer maneira. Eu descobri que o amor precisa de muitas coisas além do amor e eu te desejo alguém sincero que fale de sentimentos, que fale sobre o seu passado e que realmente queira estar na sua vida.

E por que eu estou dizendo isto? Não sei, eu olhei a sua foto, e de repente, comecei a pensar essas coisas. A gente costuma pensar coisas boas para quem deixa um carinho no nosso peito. É a segunda vez que te escrevo na mesma data e sabe, eu te quero muito bem. Você sempre me pareceu muito doce e, de certa forma, eu te fiz importante pra mim. 

Então, eu quero que você vá lá e encontre a sua pessoa especial - aquela que te acompanha, que quer estar na sua vida, que te ama e te coloca nos planos. É isso que você precisa meu anjo, é o que todos nós precisamos.

17 de maio de 2011

Carta 13 - 07h23 a.m

"Ontem eu li uma menina contar sobre o casamento do irmão dela. Ela falou que foi uma das maiores emoções que ela já viveu e que nunca tinha visto antes ele tão feliz e muito menos dançando sandra rosa madalena haha'.
Bom, eu não vou ver o meu irmão casar. Mas na hora eu soube que vou sentir algo semelhante quando você estiver casando. Vou sentir uma emoção linda de entrar na igreja de braços dados com algum amigo seu e ver você lá na frente. Sei também que vou chorar no altar quando te ouvir falando os seus votos, e vou olhar para sua cara quando sua noiva estiver entrando.
Porque eu valorizo muito o amor. E você merece muito uma história bonita, uma história que se realize por completo, com todos os altos e baixos de todas as histórias de verdade do mundo e um alguém que te coloque nos planos.
E a emoção será grande porque você é como um irmão para mim, bem aquele do quarto ao lado em que eu posso bater na porta para qualquer coisa e em qualquer hora. Obrigada por tudo, de verdade.
Não temos o mesmo sangue, mas a emoção que eu vou sentir em todas as fases da sua vida será como se tivéssemos, como se nós nos conhecessemos há muito mais tempo, como se nós tivéssemos crescido juntos, lado a lado o tempo todo."

meu amigo, você não vai saber...

mas hoje eu sorri só de te ouvir da escada. Me deu saudade de quando tínhamos o nosso jeito escandaloso de falar e discutir sobre as coisas juntos. Você não me viu, nunca vai saber que eu passei por lá e nem que sorri só de te ouvir.

10 de maio de 2011

Ela gosta de Caio e de Cazuza

Acho que posso falar um pouco dela. Nos conhecemos em um corredor pequeno e meu carinho começou ali. Menininha pequenina, magrinha, do cabelo grande e olhar doce. Não sabia nada sobre ela, mas íamos trabalhar juntas se a entrevista de emprego fosse boa.

Ela me ofereceu o jornal. Dei uma lida nas manchetes, passei os olhos pelas notícias de esporte e me chamaram. Fui lá, respondi algumas perguntas, fui insegura em outras e quando saí disse a ela. "Fica calma, vai dar tudo certo". E fui embora, desejando que a menininha ficasse do meu lado durante as tardes de trabalho.

Passamos. Trabalhamos juntas, mas não no mesmo turno. Apesar disso, conheço um pouco da menininha e acredito que ela talvez seja uma daquelas pessoas raras. Ela tem um olhar por cima e por dentro de enxergar as pessoas e as situações. Ela diz coisas sinceras e tem abraços alegres e doces, sempre.

Ela se apaixona fácil e eu admiro isso, pois se apaixonar fácil é não ter medo de viver histórias, é não ter medo de viver o amor. É preferir se machucar, ao invés de nunca ter vivido uma história ou um amor. Ela carrega frases bonitas em uma das camisetas, admira pessoas boas e valoriza histórias de superação.

É assim que eu vejo a meninina que fica naquele canto da redação todos os dias. Ela tem um encanto enorme, um coração puro e palavras sinceras.
Ela tem um encantamento especial difícil de se encontrar por aí.. e tem mais, ela gosta de Caio e de Cazuza, pessoas que se eternizaram por falarem verdades profundas.

9 de maio de 2011

De tudo ao meu amor serei atento antes

Eu cheguei mais cedo. A intenção era ter tudo o que eu queria dizer certinho na cabeça e na ponta da língua. Eu sou daquele tipo de pessoa que quando o sentimento aparece as palavras somem. Então, eu precisei de um preparo. Fiquei lá naquele silêncio todo treinando e tentando lembrar de todos os pontos, todas as questões, os medos, as esperanças, inseguranças e todo o futuro - sempre inesperado futuro que eu tento moldar.

Levantei. Será que eu cheguei cedo demais? Será que eu deveria estar aqui? Era um lugar sem espaço para palavras bonitas, com pessoas apressadas que quase não observam paredes, com gente correndo pra lá e pra cá. E eu ali, parada com o coração na mão.
Comecei a olhar pro chão e a recitar Vinícius. Esqueci o Pessoa. Lembrei de Caio - sempre Caio. Me vieram trechos de Clarice, Maria Clara e Bernardo. Mas fiquei lá estranhamente recitando Vinícius. A hora não passa, o minuto não chega e eu não sabia o que fazer. Abri o livro, fechei o livro, liguei a música, desliguei a música.

Vi no fim daquele imenso corredor a minha realidade chegando. E não querendo, mas com toda a força do mundo, eu desisti. E não teve nenhuma ligação com falta de luta ou preparo, foi preciso uma grande coragem para desistir, soltar as mãos e não olhar pra trás.
Perdi o fôlego, segurei o choro e saí. Não havia mais nada que eu pudesse fazer, ser, ou construir. E mesmo eu não querendo, o Vinícius se encantou comigo e quis ficar em mim. Então eu levantei, olhei para a vida e fim... era o meu infinito acabando ali.

6 de maio de 2011

Coisas na gaveta

O negócio é que ele tinha que liberar o coração e só sabia fazer isso transformando tudo em poesia, frases e rimas. Eu gostava disso, porque eu sabia que essa era a sua válvula de escape, o seu recomeço e a sua forma de seguir em frente. O ruim perceber que, de repente, ele começou a recusar tudo. De um dia para o outro, ele decidiu abdicar de qualquer possibilidade de sentimento, qualquer coisa que o lembrasse antigas aflições e não escreveu mais.

Embora eu tenha começado a escrever rimando algumas coisas, eu nunca fui poeta. Nunca uma poeta de verdade, nunca uma poeta como ele. Eu só tenho uma necessidade quase que libertadora de escrever tudo o que eu penso sobre o mundo e tudo o que fica guardado por dentro. Claro que falar tanto sobre sentimentos faz com que as pessoas nos achem exagerados ou profundos demais, mas ninguém nunca sabe direito o que carregamos por dentro.

Ontem ele apareceu aqui em casa. Continuava com o mesmo riso fácil e doce, sempre doce comigo, com a vida e com o futuro. Seguimos sempre o mesmo enredo de todas as nossas conversas e acabamos falando sobre a parte estranha da vida. Enquanto eu achava que aquele bonito que eu conheci havia sido irremediavelmente mudado, ele me contou que na última gaveta do seu armário tem um bolo de papéis rabiscados e cartas não entregues. E com isso, eu percebi que ele só estava dando um tempo na parte mais bonita dele, o que é uma pena.

A verdade é que, ás vezes, a gente não pode dizer como se sente. Nem sempre se pode escrever uma carta ou uma poesia e entregar para quem a gente ama. E de vez em quando, não dá para liberar tudo que existe do lado de dentro. O negócio é a gente continuar sendo quem a gente é , usando a nossa válvula de escape pra aguentar a parte difícil do caminho. O que se tem que fazer é executar o plano B e guardar as coisas na gaveta.

É isso que a gente faz quando quer seguir em frente: guarda algumas coisas na gaveta.

27 de abril de 2011

Bilhete de um segundo

Nunca vou esquecer de quando você abriu os olhos e eu disse o quanto eu te amava e admirava, e principalmente, o quanto eu queria ser forte com a vida igual a você. Então, você virou um pouco a cabeça, deu um leve e quase imperceptível sorriso, daqueles que se a gente não prestar atenção não vai perceber, e me olhou de um jeito que a minha cabeça na hora ouviu você dizer: "Eu também Lê".

21 de abril de 2011

Às nove da noite

Ele ficou parado naquela porta comigo pedindo para que eu não descesse. Eu olhava aquele seu jeito simples, cavalheiro, gentil e arrumado que eu tanto admirava. Um homem de andar calmo e firme, toque doce e palavra sábia de quem já viveu histórias incríveis com muita coisa para contar.

"Espera alguém voltar, aí você entra comigo". Eu escutei aquilo como se fosse uma criança me dizendo que está com medo do escuro, aquele homem do meu lado estava frágil e só eu estava ali. Incrível, eu descobri que este homem passa o dia inteiro pensando o que vai fazer às nove da noite.

Então ele entrou e eu fui junto. Andamos por aquele corredor pequeno, claro e gelado com um cheiro forte e tão característico que nenhum outro lugar tem, mas que a gente até se acostuma depois de um tempo. Durante a nossa pequena caminhada pude ver a rapidez e a tristeza daquele andar. Consegui sentir a sabedoria daquele homem e toda uma força que ele está tirando não sei de onde para esperar todos os dias o relógio marcar: nove da noite.

Depois do pequeno corredor, entramos em um salão enorme. Cheio de outras pessoas que esperam dar nove da noite e cheio de outras pessoas esperando alguém às nove da noite. Aquele homem lavou bem as mãos, secou e foi de encontro ao que ele quer ver sempre naquele horário. Disse: "Bem, estou aqui. Eu vim te ver e estou com saudades. Comprei carne no supermercado e espero que você melhore para comê-la logo. Fiz a minha barba, pintei o meu cabelo sozinho, mês que vem você pinta pra mim, tá? Você tá me ouvindo? Nossos gatos estão 'malinando' em casa, você tem que voltar logo para dar um jeito neles. E o papagaio, bem, ele chama o dia inteiro por você. Abre os olhos pra mim. Isso bem, abriu os olhinhos, que linda..."

Era o meu avô. Sorrindo e vibrando com cada sinal que a minha avó dá dentro da UTI. Contando coisas simples do dia a dia de um casal que viveu 56 anos juntos. Aquele homem tão amoroso e reservado estava lá sorrindo e rindo na minha frente com o que o amor da vida dele fazia com o maior esforço do mundo. E eu ali parada pensando sobre tudo aquilo, enxergando o quanto todo mundo que estava ali esperava por alguém. Alguns chorando, outros sorrindo, poucos conversando e quase a maioria em silêncio.

Até que o horário de visitas acabou e meu avô andou por aquele corredor que agora não parecia mais tão gelado, nem tão claro. Nem o cheiro daquele lugar incomodava mais. Enquanto esperávamos o carro, ele encostou a cabeça nos meus ombros e disse "O vô tá sofrendo tanto nesses últimos dias, filha". Era ele frágil e amável, de novo.

Então eu o abracei e entendi que o amor dele era o mais bonito do mundo. Ele está frágil e entristecido, mas forte e doce. E quando a gente ama alguém, a gente tenta fazer o nosso melhor, tenta parecer o mais forte possível, mesmo que ás vezes a gente precise deitar nos ombros de alguém depois. A gente espera todos os dias dar nove da noite, pedindo a Deus que a pessoa que a gente ama dê algum sinal de vida, dê algum sinal de amor. A gente faz o melhor que a gente pode, porque aquela pessoa lá dentro vale a pena.

E no dia seguinte, ele vestiu a sua melhor roupa e ficou lá esperando. Se era um dia bom ou ruim, se ela abriria os olhos ou não, se as notícias seriam boas ou ruins ele não sabia, mas estava lá esperando. Era ele, seus 56 anos de companheirismo e o relógio... que já apontava nove da noite.

17 de abril de 2011

Detalhes II


Hoje eu percebi o quanto todos os detalhes da nossa vida conseguem sobreviver a qualquer coisa. Eles vivem dentro e em volta da gente o tempo todo. Eles aparecem de repente em qualquer lugar, seja em um canto de metrô, um canto do cinema, um canto dentro do peito. Eles ficam por perto mesmo que acabe, mesmo que mude, mesmo que o nosso principal foco seja esquecer.

Porque tudo o que é importante e verdadeiro, seja uma palavra bonita, um abraço apertado, uma viagem ou um amor grande, nós guardamos as pequenas coisas. Talvez o tempo apague, mesmo que devagarinho, todos os detalhes que guardo em mim, todos os detalhes desses cantos no caminho. Mas esse talvez é tão pequeno e tão detalhe que não vai impedir da vida e de todos os cantos e das outras histórias fazerem eu me lembrar de vez em quando, ou, de nunca esquecer.

Hoje eu percebi o quanto as coisas mais importantes conseguem sobreviver. Eu percebi que alguns dos seus (ou nossos) detalhes nunca vão embora, mesmo que você já tenha partido.
Porque os detalhes tem sido a minha maior companhia ultimamente e talvez eles se percam em algum ponto do caminho no futuro. Mas esse talvez também é só um detalhe e por isso, os seus (e nossos) detalhes permanecem aqui. Eles estão por perto mesmo que tenha acabado, mesmo que quase tudo tenha mudado, mesmo que o nosso (ou só meu, ou só seu) principal foco seja esquecer.

10 de abril de 2011

Do outro lado da porta


O hospital é o melhor lugar para se aprender a ter humildade com a vida. É onde se percebe o quão frágil e delicada ela é. Você descobre o quanto é importante cuidar de todas as pessoas que te amam e é onde você se torna agradecido por todas as pessoas que cuidam de você.

Eu ando da UTI cirúrgica até o berçario todos os dias e me pergunto: como podem haver diferentes níveis de vida em um só lugar? Há uma coisinha pequeninina na minha frente que nunca foi machucada, que está descobrindo o prazer do colo de mãe e do outro lado há pessoas que já se machucaram, que já criaram uma história, que estão lutando pela vida.

A única coisa que iguala esses dois departamentos que eu caminho todos os dias são as pessoas que esperam do outro lado da porta. Por isso, repito: o hospital é o melhor lugar para se descobrir o quanto é importante segurar as pessoas certas na sua vida. Não deixar elas irem embora. É onde você se torna agradecido por ser cuidado, por ser amado. É onde você vê quem vale a pena e quem realmente importa.

É onde você descobre quem estaria todos os dias te esperando do outro lado da porta.

2 de abril de 2011

Mãos

Sinto uma falta enorme das suas mãos agora. De quando eu puxava a sua pele enrugadinha e ficava esperando ela descer. Sinto falta de quando você pedia pra eu fazer as suas unhas e passar duas, três mãos de base na sua unha doente. Eu escolhia sempre a melhor da loja só pra ouvir você dizer na semana seguinte "Ela melhorou lê". Sinto falta de abrir a sua mão na minha e passar levemente os meus dedos no seu só pra sentir os seus calinhos, os seus ossinhos saltados e a maciez que ela tem.

Eu sempre gostei de mãos, e não quero a sua longe de mim agora.

27 de março de 2011

Coisa de mil segundos

Não sei explicar direito, mas é algo que vem lá de dentro. Algo muito profundo que mistura emoções. E dói, e esfria, e esquenta de novo, depois dói de novo e por aí vai. É algo que dificulta respirar ás vezes. Tem certas horas em que eu puxo o ar lá de dentro, lá do fundo.

Falhei. Falhei com todos os orgulhos que um ser humano deve ter. Falhei em querer sumir do mundo. Falhei em tantas coisas, meu Deus. Eu desisto de esquecer que dói. Que não existe sentimento. Odeio ficar em silêncio por já ter dito tudo. Odeio fingir pensar que vai passar uma coisa que não está passando. Odeio não entender, não merecer, não ter, não ser.

Mas tá aí. Já falhei. E desisto da minha condição atual de mentirosa. Eu olho no espelho todos os dias e não há como negar. Já que sou, o jeito é ser. Já que dói, deixa doer. Já que amo, deixa estar.... odeio pensar assim, mas vai passar.

22 de março de 2011

Carta 12

Há quatro anos atrás eu fiz quinze anos. Comecei a escrever poesia. Descobri que gosto de jogar basquete. Viajei duas vezes com a escola e os amigos. Dei o meu primeiro beijo, e foi lindo, você deve ter visto. A segunda e a terceira formatura já passaram. Eu passei no vestibular e a quarta tá chegando aí. Meu primeiro namorado já foi em casa e eu já tive meu coração partido umas duas vezes. Consegui meu primeiro emprego. A primeira dívida alta. Passei o ano novo na praia como eu sempre quis.

Criei um objetivo, criei sonhos. Tomei uma decisão séria. Descobri algo importante na minha profissão. Fiz um caderno cheio de sentimentos escritos igual a você e igual a mãe. Olha que sorte: tenho uns sete ou oito melhores amigos, abençõa eles daí. Tenho uma relação bonita com Deus. Me apaixonei pelo abraço do Igor. Tenho respeito pelas histórias de todos os seres humanos. Estou no melhor estágio e sou muito feliz lá, você deve rir com tudo daí.

Cometi uns três ou quatro erros pelos quais vou me arrepender durante um bom tempo. Todos os dias eu tenho tentado ser um ser humano melhor como eu prometi. Sigo com todas as virtudes que você me mostrou que uma pessoa deve ter. Comecei a me maquiar hoje de manhã pensando o que você pensaria ou falaria. Ainda estou tentando me acostumar com o salto. Com as voltas e decisões da vida. Ainda estou tentando entender os seres humanos e as suas escolhas, as minhas escolhas, as escolhas de Deus. E você está aí, mas continua aqui.


Eu sinto a sua falta.

18 de março de 2011

Calma

Vai dizer que seu coração nunca acalmou quando você imaginou uma possibilidade que não vai acontecer?

16 de março de 2011

Minha amiga falando de amor, para o amor dela

"...uma coisa que eu aprendi estando com você, é que o que eu faço de agora em diante, tudo o que eu tenho também, envolve nós dois, você e eu, e não só mais eu. Ouvi até do meu médico isso hoje, olha que ironia do destino, que uma pessoa não transa sozinha, que sempre existirão duas pessoas, e que quando uma tá doente, na verdade as duas estão doentes e as duas têm que se cuidar. Agora tudo é assim, nós dois, um tendo sempre que pensar e cuidar do outro... "


13 de março de 2011

Coisa de um segundo

E talvez o maior problema é não conseguir esconder sentimentos, é não conseguir guardar para si. É sentir e ser sincero com isso. Até quando não se pode. Até quando não dá.

11 de março de 2011

tão sincero quanto Caio F. Abreu

Na verdade, eu acho que isso vai durar muito. Porque essa dorzinha, que eu achava que não era alarmante vai me atingir quando eu menos esperar. Isso mesmo. Dorz-Inha, daquelas que fazem um furinho com a agulha lentamente. Uma coisa aguda que trava o ar na garganta e deixa o peito pesado pra respirar.

Poderia ser uma daquelas putas dores. Sim, uma que me colocasse de cama e com febre. Porque desse jeito eu só sentiria aquela dor e pronto. Não teria que fingir que ela não existe, nem sorrir quando não dá, nem ter que viver o meu dia a dia normalmente e pronto. E aí eu diria: - É dor de amor, doutor, ou saudade, ou não sei..aí ele me daria um daqueles remédios que curam na hora e de preferência na veia, porque assim passaria pelo corpo todo e fim de papo. Mas dorz-inha não, dorzinha acaba com a gente e sabe por que? Porque ela continua existindo enquanto a gente vai vivendo...

A gente pega ônibus de manhã e vai trabalhar achando que tá tudo bem. A gente sai com os amigos achando que superou e que tudo já passou, até que essa dorz-inha puxa o seu tapete no melhor da festa. Coisa de um minuto que fica latejando. Se fosse a puta dor não. A puta dor acabaria com tudo de uma vez e aí era só juntar as coisas e se curar. Essa cois-inha fin-inha não. Ela vai quebrando aos poucos, ou quebrando o pouco, ou re-quebrando sei lá...

Só sei que eu trabalhei três dias seguidos achando que tudo já estava bem, mas aí a "inha" apareceu bem de madrugada, foi coisa de um segundo, e me virou do avesso. Mas deixa estar. Aqui vou eu suportando a "inha" em qualquer lugar aqui dentro. E talvez ela tenha que ser "inha" mesmo, talvez ela tenha que continuar sendo essa coisa chata pra gente ter esperança. E quando digo esperança, eu falo pra tudo. Até mesmo para achar que trabalhando três dias seguidos ela vai embora. Para pensar em outras coisas- mesmo que ela nos puxe o tapete mostrando que dói ainda e que não é pra fingir ou desprezar isso. Para saber que não foi preciso ficar de cama e nem remédio na veia.

Na veia só vai a nossa força. O nosso recomeço de todas as vezes, de todos os dias. Mesmo com todo esse incômodo que as "inhas" da vida causam na gente. Mesmo com todo esse fingimento necessário para se seguir em frente (a gente vai fingindo tanto que uma hora para de doer, eu acho), para latejar menos, ou qualquer coisa parecida.

8 de março de 2011

Uma parte do amor, segundo minha avó


"... A gente namorou durante dois anos. E a gente conversou muito por cartas porque ele tinha que ir trabalhar na cidade. De lá ele me escrevia falando do frio que ele sentia quando saía de manhã cedinho e daqui eu falava das coisas que eu fazia. Se ele me escrevia três páginas, eu procurava responder com três também. Se fossem quatro eu também responderia com quatro, porque a gente tem sempre que retribuir quem ama a gente, né? Se não der pra retribuir melhor, que seja de algum jeito. A gente sempre encontra algum jeito, de alguma forma a gente tem que retribuir. Eu acho que o certo é da mesma forma, e eu me esforçava pra ser assim. E fazia isso..."

26 de fevereiro de 2011

Pedido de hoje

Hoje eu quis te mostrar pra todo mundo. Dizer que você era meu.
Dizer que eu era sua. Que nós tínhamos uma história, que a gente era muito feliz.
Hoje eu quis te mostrar pra todo mundo. Dizer o quanto eu sentia orgulho de estar ao seu lado. Contar todas as coisas legais que eu penso de você. Que eu penso para nós.
Tentar entender (sorrindo) toda a docilidade que a gente tem.
Hoje eu quis te mostrar pra todo mundo. Sonhar com a nossa vez. Explicar que "não, eu não estou disponível" e te apontar lá na mesa sentado.
Hoje eu quis te mostrar pra todo mundo e voltar pra casa. Subir as escadas descalça dizendo que eu estava morrendo de dor nos pés. Esperar você se arrumar. Pegar água pra você ir dormir. Passar a mão levemente no seu cabelo e dizer o quanto eu estava feliz por ter te mostrado pra todo mundo. O quanto eu estava feliz por você estar ali. Por ter aparecido. Por ter ficado. Por não ter ido embora ainda, enfim.

Hoje eu só quis te mostrar pra todo mundo e te deixar ir dormir sabendo que eu amo você.

23 de fevereiro de 2011

22 de fevereiro de 2011

Laços apertados

Na vida, ninguém deveria esperar por ninguém. Nós não deveríamos esperar por nada, na verdade. Nem pelo primeiro beijo bonito, nem por um grande amor, nem pelo emprego dos sonhos. As coisas deveriam simplesmente acontecer, ou melhor, a gente deveria deixar as coisas simplesmente acontecerem.

Ir e vir. Ser ou não ser. Amar e desamar. Viver ou sofrer, eis a questão.

Nada deveria alterar o nosso andar. O problema é que a gente faz planos, a gente cria sonhos e laços. E eu? Eu não consigo lidar com o não saber. Eu geralmente luto um pouquinho a cada dia para fazer acontecer. Eu tô aqui, trabalhando até mais tarde porque quero um cargo que nem sei se vou conseguir, mas eu estou aqui. Eu estou sempre aqui tentando e não desistindo. E essa sou eu criando um laço, um sentimento e uma certeza com a minha profissão.

É assim com tudo. Eu decido e espero, mesmo que doa um pouquinho no caminho. Eu espero porque eu crio um laço, um sonho, um plano e talvez isso seja errado. Eu vou te contar um segredo: em um dos dois lados, o laço é sempre mais forte. Meu Deus, quem dera eu não apertasse tanto o meu.

15 de fevereiro de 2011

Curriculum Vitae

Sempre achei meio burrice eu colocar meu Blog Pessoal em processos seletivos. Sempre tive um pouco de receio de montar um blog jornalístico, porque não quero ultrapassar a linha tênue que existe entre jornalismo e opinião.

Mas eu sempre coloco o rima lá e continuo achando burrice. Fico imaginando os chefes de redação lendo. Bom, dos poucos que passaram pela minha vida, um deles chegou até a mencionar que gostou do que viu.

Porém, sempre saio achando burrice colocar um blog de sentimentos em processos seletivos.
Mas talvez não seja. Precisam de seres humanos em todo lugar

12 de fevereiro de 2011

Feliz Ano Velho

2010? Nem sei o que dizer. Foram muitas coisas duras e eu tive que quebrar muito a cara, para que esse ano ficasse marcado em mim.

Creio que amadureci. Muito.

Começou lá, na rua da casa da minha avó comigo desejando que o novo ano fosse dez, fosse único e quase como havia sido 2009. Querendo que quase nada mudasse, desejando somente por novas oportunidades e mais algumas risadas. Sempre entro em um novo ano com saudade, como quase querendo que ele não vá embora e que continue existindo.

Mas, creio que 2010 apareceu para eu aprender a ser sozinha. Sempre tive um pouco de medo da solidão e tudo o que me aconteceu esse ano veio para que eu descobrisse como lidar com ela. Já lá, logo em fevereiro, minha melhor amiga/companheira resolveu sair da faculdade, outra resolveu mudar de horário e outro de curso. E lá estava eu andando pelos corredores da faculdade lembrando de todas as risadas que eles me fizeram dar. Tinha tanta gente naquele lugar e eu para aprender a aumentar o meu grau de amizade com quem estava lá, ao meu lado.

Março, Abril e eu queria muito um estágio. Meu Deus, como eu tinha milhares de planos de estágio. E Maio chegou com duas ou três entrevistas. Muita espera depois e lá estava eu, inicialmente no RROnline, logo depois na Redação Multímidia da faculdade. Meu primeiro estágio, meu primeiro emprego e mais uma vez eu aprendendo a lidar com a minha dificuldade de me abrir. Foi o melhor lugar em que eu poderia ter começado. E como eu me apaixonei por cada uma daquelas pessoas incríveis. Não era um sacrifício ir trabalhar, era um prazer. Eu tinha futuros jornalistas divertidos e cheios de talento ao meu lado e editores que eu nunca vou esquecer. Amadureci muito lá, profissionalmente e pessoalmente.

Junho, Julho e Agosto. Lá estava eu cheia de novas responsabilidades. Tive que aprender a lidar com responsabilidades financeiras, estudantis, profissionais, familiares. Gastei com coisas muito bobas, tive que mostrar á minha mãe que estou crescendo, amadurecendo e mesmo assim me manterei ao lado dela. Tive que conquistar o meu espaço no trabalho, saber lidar com o meu tempo para cumprir todos os prazos dos trabalhos da faculdade.

Setembro, Novembro e eu quis desistir. Eu não tinha tempo para nada e estava muito cansada. Sentia saudades dos meus amigos antigos, da minha vida tranquila, de caber no colo da minha mãe. Queria dormir e tinha resenhas de livros da faculdade para fazer. Queria descansar e tinha entrevistas e matérias para escrever. A Responsabilidade nunca falou tão alto. E eu, com a auto-crítica e o auto-perfeccionismo que existe no meu DNA, escolhi segui-lá.

Outubro e eu vi: Olha como não me sinto mais tão mal sentada sozinha nesse banco da praça. Meu aniversário e eu vi quanta gente linda tem do meu lado. Vi quantos abraços lindos e sinceros ganhei no meu aniversário. Eu nunca estive sozinha, a questão era que eu não sabia o que fazer quando estava momentaneamente só. Eu nunca havia estado momentaneamente só antes.

Dezembro e olha lá eu dizendo mais uma vez a Deus. "Obrigada Senhor, eu consegui!". Estava lá, na Redação Multímidia com todos os aprendizados que tive junto com pessoas incríveis e maravilhosas. As consequências de um final de ano mais tranquilo na faculdade por ter me esforçado quando, na verdade, eu queria dormir.

31 de dezembro de 2010 ás 23h50. Dessa vez eu estava em um lugar diferente. Estava na praia passando o ano-novo com pessoas abençoadas. Feliz, muito feliz. Nunca achei que teria um final de ano tão feliz.

E então eu só fechei os olhos e pedi pra Deus para que aquele sentimento de felicidade, de paz e de perfeição nunca acabasse.

26 de janeiro de 2011

Aula de história

Quando eu estava no colegial eu tinha um professor que falava em entrelinhas. Eu tenho uma certa mania de enxergar várias coisas em uma frase só, mas acredito que esse meu professor não queria apenas me dar uma aula de história. Talvez, ele estava ali na frente tentando me dar algumas aulas para a vida.

Eu achava que tudo deveria ser intenso. Acreditava que quem não vivia com intensidade não vivia. Que quem tinha medo de se machucar não amava. Hoje depois de algumas experiências e um maior contato com o mundo real, eu mudei alguns pensamentos. A gente pode viver intensamente, mas essas momentos intensos acontecem naturalmente, não adianta forçar ou torcer para acontecer. O 'viver intensamente' tem muito mais a ver com não perder grandes oportunidades, do que viver loucamente colocando a sua vida em risco.

E quem sente medo de se machucar possui um grande motivo para isso. Se você se apaixonar por esse tipo de pessoa, digo, se você realmente se apaixonar por esse tipo de pessoa você vai ter que trabalhar com ela nisso. E acredite: pode valer muito a pena.

Mas voltando a minha aula de história e ao meu professor. Ele falava dos motivos que causaram a guerra mundial. Falou da ditadura no Brasil, citou Hitler, Getúlio Vargas, Mussolini e finalizou a aula tentando explicar os motivos de todas essas coisas históricas terem acontecido. Foi além das explicações econômicas, políticas e antropológicas. Ele finalizou a aula dizendo com todo aquele jeito de mexer as mãos que ele tinha: "As causas muito fortes trazem consequências contrárias. O amor te faz mais feliz, mas muito amor te deixa triste. A luz te ajuda a enxergar, mas muita luz acaba com o seu olho. Muita luz te deixa cego. Tem que ter um equilíbrio nas coisas".

Nunca mais tive um professor de história que falasse em entrelinhas. Nunca mais tive aquele sede, aquela falta ou aquela cumplicidade do melhor amigo todas as manhãs. Hoje tenho calma, e graças a Deus hoje eu tenho calma, porque é necessário ter isso para viver. É preciso um equilíbrio em todas as coisas, a gente pode amar sem ser triste e enxergar sem ficar cega.